quarta-feira, 23 de julho de 2008

Lei Seca: pressão é maior fora da força-tarefa da Operação Pressão Total


Lei Seca: pressão é maior fora da força-tarefa da Operação Pressão Total
Marcelo Dias - Extra

RIO - Excluído da Operação Pressão Total, o Batalhão de Polícia Rodoviária (BPRv) tem atuado sozinho na vigilância a condutores embriagados nas estradas estaduais. A ação solitária, porém, produziu mais efeitos do que a força-tarefa montada pela Secretaria de Governo e pela PM na capital. Nas duas últimas semanas, a unidade deteve oito motoristas bêbados e 29 que haviam ingerido alguma dose de álcool além da permitida por lei, enquanto a Pressão Total flagrou seis ( você está satisfeito com a Lei Seca? ).

" Só lembram das estradas nos feriados "

As autuações do batalhão foram feitas na RJ-104 (Niterói-Itaperuna), na RJ-106 (São Gonçalo-Macaé), na RJ-140 (Cabo Frio-Arraial do Cabo) e na Via Lagos. Já as da Pressão Total ocorrem na Barra da Tijuca e em Ipanema, em quatro vias.

Segundo o comandante do batalhão, coronel Carlos Rodrigues, seis em cada dez acidentes envolvem motoristas com algum grau de embriaguez. O oficial afirma que a rodovia mais preocupante em relação aos abusos do álcool é a RJ-106, sobretudo no trecho entre Saquarema e Búzios:

- Só lembram das estradas nos feriados. Nelas, a imprudência aparece em 90% dos casos e o álcool, em 60%. Muita gente bebe e sai de uma cidade para outra, pegando a rodovia apenas por dez minutos. Isso se vê muito na RJ-106, com a garotada que sai à noite. Por isso, Búzios tem mais acidentes. Outra estrada que nos preocupa muito é a RJ-140.
Nos hospitais, confissão sobre uso de bebida

Os resultados do BPRv chamam mais a atenção pelo número de bafômetros a sua disposição: só cinco. Já a Operação Pressão Total conta com o triplo - e pode chegar a 50 -, tendo apreendido 16 carteiras de habilitação. A atuação do batalhão joga por terra a teoria de que os desastres nas estradas não têm o consumo de álcool como uma de suas causas principais.

" Eles têm que falar nos hospitais porque não se pode anestesiá-los sob o efeito de álcool "

- Sabemos, pelos relatos informais dos próprios motoristas, que eles bebem. Só que, por medo, isso não é dito no registro de ocorrência nas delegacias. Mas eles têm que falar nos hospitais porque não se pode anestesiá-los sob o efeito de álcool - diz o comandante do BPRv.

No ano passado, a RJ-106 registrou 90 mortes e teve 907 feridos - quase o dobro das 485 vítimas da Avenida das Américas, incluída na Pressão Total. Na RJ-104 morreram 310 pessoas - uma média de 15,5 por quilômetro. Para frear as estatísticas, o coronel Carlos Rodrigues prepara um programa educativo no BPRv. A idéia é ensinar as leis de trânsito aos motoristas, a partir de outubro.

- Queremos começar nosso projeto na primeira semana de outubro. Criaremos um horário para que as pessoas venham aqui, todos os dias, para falarmos sobre a legislação de trânsito, o uso do bafômetro e as condições das estradas - explicou ele, que quer o apoio das concessionárias que administram as rodovias privatizadas.

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