Donos de estabelecimentos protestam contra proibição da venda de bebidas
Donos de estabelecimentos comerciais que ficam próximos às rodovias federais realizam protesto nesta terça-feira (01). O objetivo é chamar a atenção para os prejuízos dos comerciantes depois que a Medida Provisória (MP) 415 entrou em vigor, no final de janeiro de 2008. A medida proíbe a venda de bebidas alcoólicas às margens das rodovias federais. O protesto é nacional.
No Espírito Santo manifestações ocorrem em Laranjeiras, na Serra, no município de Fundão e em Linhares. De acordo com o presidente do Sindicato dos Bares, Restaurantes e Similares (Sindbares), Wilson Vettorazzo Calil, os comerciantes também protestam contra outra possível medida para a restrição do fumo em locais públicos, o que inclui os estabelecimentos já afetados pela MP 415.
A resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que restringe o tabagismo a ambientes fechados e em salas com ventilação determinada pela agência, ainda não está em vigor. Uma consulta pública foi aberta até o dia 04 de maio para discutir a questão.
No Estado, de acordo com o Sindbares, cerca de 400 estabelecimentos foram afetados pela MP 415 e amargam prejuízos. A proibição da venda de bebidas diminui o consumo em bares, restaurantes, hotéis, supermercados, motéis, postos de combustível, dentre outros.
“Escolhemos o dia da mentira de propósito. A maior mentira é dizer que a proibição da venda de bebidas vai resolver o problema das mortes no trânsito”, afirma Calil. Ele diz que durante o protesto os comerciantes não vão interromper o trânsito. Eles apenas entregam panfletos.
Para o presidente do Sindbares a medida não ajuda a diminuir as mortes no trânsito. “Isso é um absurdo. Todos os redutores de velocidades das estradas federais estão parados desde novembro do ano passado. As balanças, que são muito importantes para prevenir o excesso de carga, estão paradas. Então o Governo Federal usou o nosso setor para dar uma desculpa esfarrapada para o cidadão, usando a defesa da vida. Mas essa medida é completamente inócua”, avalia.
Pela vida
Cabe à Polícia Rodoviária Federal (PRF) fiscalizar o cumprimento das normas. Para o inspetor da PRF no Estado, Edmar Camata, a medida ajuda a salvar vidas. Ele lembra que no último feriado, na Operação Semana Santa, não houve nenhuma morte em acidente causado por ingestão de bebida alcoólica nas estradas federais que cortam o Espírito Santo. Este dado já seria resultado da adoção da medida.
“Mesmo que a medida pareça radical e que haja reclamações sobre prejuízos, o fato é que as mortes reduziram. A sociedade tem que avaliar se vale a pena deixar de combater essas possíveis mortes e garantir o lucro desses comerciantes”, afirma o inspetor.
Ele também diz que a MP 415 é apenas uma das medidas que devem ser adotadas para combater as mortes nas estradas. Quanto aos equipamentos, o inspetor lembra que no Estado há três radares de medição de velocidade e todos estão em funcionamento. Durante a Semana Santa eles foram responsáveis por 5.000 autuações por excesso de velocidade.
Medida
Com o objetivo de diminiuir o número de acidentes e mortes nas estradas devido à ingestão de bebidas alcoólicas, a Medida Provisória 415 entrou em vigor no dia 21 de janeiro de 2008. Os estabelecimentos passaram a ser autuados no dia 1º de fevereiro.
De acordo com a nova regra quem for flagrado vendendo bebida alcoólica às margens das BRs em todo o Brasil está sujeito à multa de R$ 1, 5 mil. Além disso, os estabelecimentos devem fixar um aviso, informando sobre a proibição. A ausência do cartaz também gera multa, de R$ 300.
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