quinta-feira, 13 de março de 2008

Comerciantes dizem que ``lei seca´´ estimula a propina


12/03/2008 17h57m
Deu no Correio Web

Bares e restaurantes estão pagando propina a policiais para burlar a medida provisória que proíbe a venda de bebidas alcoólicas às margens das rodovias federais. O suborno ocorre em todo o país e tem sido mais comum em locais afastados dos grandes centros urbanos. A transgressão foi relatada ontem ao presidente da Câmara, Arlindo Chignalia (PT-SP), por representantes do setor de gastronomia e hotelaria que estão em Brasília para protestar contra a lei.

“Essa medida (MP 415), na verdade, está introduzindo o pedágio numa velocidade grande. Vocês podem imaginar que (tipo de) pedágio a gente está pagando”, sugere o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Paulo Solmucci Júnior. Segundo Solmucci, Chignalia demorou a entender o que significava “mau pedágio”, um eufemismo para a propina cobrada por fiscais para fazer vistas grossas. Outro efeito negativo da medida, segundo o representante da Abrasel, é a prática de clientes que pedem para ser servidos com bebidas alcoólicas e depois se recusam a pagar a conta, ameaçando denunciar a venda irregular.

Por isso os comerciantes defendem o combate aos motoristas que dirigem embriagados por meio de multas e campanhas educativas, com a ajuda dos comerciantes. “A solução está na vigilância, fiscalização, bafômetro e punição. Isso só é possível com a nossa ajuda. Vemos quem bebe e podemos denunciar”, argumenta Solmucci. O grupo de comerciantes continua hoje em Brasília e deve ser recebido pelo presidente do Senado, Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN). Além de pedir o fim da MP 415, os comerciantestambém são contra a Lei do Silêncio, a extinção dos fumódromos e a restrição de funcionamento de bares e restaurantes depois das 23h.

Para o presidente da Câmara, é preciso encontrar uma solução para o impasse. Ele ressalta que vai ouvir o setor: “Nada mais justo do que envolver nessa discussão quem foi atingido. Proibir a venda pura e simplesmente não resolve o problema”, pondera. Segundo Solmucci, Chignalia teria assumido o compromisso de chamar o setor quando a Câmara for tratar do assunto. “Infelizmente, o governo se precipitou com uma medida às vésperas do carnaval sem envolver a sociedade no debate”, avalia o presidente da Abrasel.

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