quarta-feira, 12 de março de 2008

Lei seca nas rodovias prejudica bares e restaurantes no RJ

Sindicato de Hotéis, Bares e Restaurantes do Rio entrou com ação no MP pedindo a suspensão da medida
Pedro Dantas, do Estado de S. Paulo

RIO - Para não perder o emprego, o ex-gerente Wagno Barros, de 30 anos, aceitou o posto de garçom e a redução salarial de R$ 1 mil para R$ 475 mensais no restaurante Barril da Brasil, na Rodovia Washington Luiz, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. O estabelecimento foi o que mais sentiu os efeitos da lei seca nas rodovias, medida que proíbe a venda de bebidas alcoólicas às margens de rodovias federais, em vigor desde 1º de fevereiro.

Vários outros restaurantes da região, apesar de estarem localizados na área urbana, viram seu faturamento despencar sem poder vender bebidas. Como têm no endereço rodovias federais, ficam sujeitos às multas estabelecidas pela MP.

"Na terça-feira, 12, seis mesas com quatro pessoas foram embora quando os clientes souberam da proibição. Perdemos muito porque a concorrência fica a poucos metros. Basta entrar à direita e chegar ao bairro Jardim Primavera", disse Barros.

Os comerciantes calculam que mil postos de trabalham pode ser fechados. Eles argumentam que a maior parte da clientela dos restaurantes da Washington Luiz é de moradores de Caxias e não de viajantes da rodovia.


Queda nas vendas de bebidas

O gerente da Casa do Alemão, Ivo Carlos Fontaine, de 45 anos, ainda não contabilizou os efeitos da proibição que acabou com a venda dos dois mil litros mensais de chope que acompanhavam os quitutes germânicos. "Foi uma bordoada feia. Acho que quem bebe não pode dirigir, mas os meus clientes tomam no máximo dois chopes e não fico aberto até tarde da noite" afirmou o gerente.

Os proprietários aguardam o resultado de uma ação judicial movida pelo Sindicato de Hotéis, Bares e Restaurantes do Rio na Justiça Federal pedindo a suspensão dos efeitos da MP para seus associados.

Para o presidente da entidade, Alexandre Sampaio, a medida é equivocada e está punindo os comerciantes em lugar dos verdadeiros culpados pelos acidentes ligados ao consumo de bebidas alcoólicas: os motoristas.

"Os acidentes acontecem por falta de manutenção das estradas e pela falta de fiscalização dos motoristas, além da ausência de um trabalho educativo. Houve aumento de acidentes no carnaval, o que mostra que não tem relação. Impedir a venda de bebidas fere a garantia dos direitos individuais de quem não está no volante, o carona, que é a maioria das pessoas.", disse Sampaio.

Além disso, o presidente do sindicato se queixa de o governo ter interrompido de maneira abrupta a base financeira dos estabelecimentos. Segundo Sampaio, as bebidas costumam ser os itens com maior margem de lucro em bares e restaurantes.

A ação do sindicato questiona ainda a atribuição do governo federal para o tema. Apesar de estarem em vias federais, Sampaio sustenta que a fiscalização desses estabelecimentos é de responsabilidade municipal.

(Colaborou Alexandre Rodrigues, do Estado de S. Paulo)

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