segunda-feira, 10 de março de 2008

Lei Seca causa demissões


Bares e restaurantes dispensaram cerca de 800 pessoas, desde fevereiro
Segunda - 10 de março de 2008

Gisela Cabral

Donos de bares, restaurantes e outros estabelecimentos localizados às margens das rodovias do Distrito Federal estão bastante esperançosos. Isso porque o grande apoio obtido na Câmara dos Deputados pela mudança na Medida provisória (MP) 415 e a sinalização por parte do Governo Federal de que isso poderia vir a acontecer soou como um alívio para os empresários. A MP, que está valendo desde o dia 1º de fevereiro último, proíbe a venda de bebidas alcoólicas nos estabelecimentos que ficam às margens das rodovias federais.

Segundo Clayton Machado, presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares do DF (Sindhobar), o número de estabelecimentos que se encontram à beira das rodovias, atingidos pela MP, é alto – são cerca de 700 no DF e 50 mil no resto do País. A queda do movimento nestes locais, conforme Clayton, é preocupante. "Chegou a quase 80%", afirma.

O número de demissões também assusta. "Um total de 824 trabalhadores do DF foi demitido, de acordo com o sindicato laboral (dos trabalhadores)", informa Clayton. O presidente do Sindhobar lembra que, se não houver uma reedição da medida, mais 400 mil pessoas podem ser mandadas embora em todo o Brasil.

No DF, o número de demissões só não foi maior, de acordo com Clayton, porque os empresários do setor estão sem dinheiro suficiente em caixa para pagar os direitos trabalhistas de seus funcionários. "A situação está muito difícil. Hoje, mais ou menos três mil pessoas já teriam ficado sem emprego se não fosse essa dificuldade de pagar esses direitos", constata.

Desde 1º de fevereiro, dia em que passou a valer a nova regra, o Sindhobar tomou algumas medidas a fim de tentar reverter a situação. "Procuramos o Tribunal Regional Federal (TRF) e fizemos um trabalho contínuo na Câmara dos Deputados. Nosso intuito era fazer com que os nossos representantes maiores vissem a necessidade de reedição dessa medida", destaca, dizendo também que foram obtidas cerca de 70 emendas na Câmara e no Senado Federal a favor da reavaliação da medida.

Movimentação
Hoje, o presidente do Sindhobar recebe em Brasília cerca de 140 representantes de sindicatos, Associações Brasileiras de Bares e Restaurantes e da Indústria de Hotéis, Abrasel Abih, respectivamente, e dos resorts de todo o Brasil. Os empresários vêm à cidade para pedir uma resolução rápida para o problema. Eles também teriam se sentido prejudicados com a MP 415.

Amanhã, segundo Clayton Machado, os representantes se reunirão com o intuito de elaborar um documento que irá expor as dificuldades enfrentadas por todos, pedindo inclusive a revisão da medida provisória. Na próxima quarta-feira, a comitiva deve ir pessoalmente até o Senado e Câmara dos Deputados pedir aos parlamentares que modifiquem a decisão.

Os empresários do setor também foram buscar apoio dos líderes em outras cidades. Foram enviadas correspondências a mais de cinco mil municípios do País, para saber a opinião dos prefeitos em relação a essa proibição. "A maioria deles também é contra a medida provisória. Isso porque essas localidades são cortadas por rodovias, portanto, também foram muito prejudicadas", diz Clayton. A medida provisória foi editada às vésperas do Carnaval.

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