segunda-feira, 24 de março de 2008

Vigilância redobrada

Correio da Bahia

Com a liberação da venda de bebiba alcoólica nas estradas, PRF reforça fiscalização e detém nove motoristas embriagados

Alexandre Lyrio - 24/03/2008

As liminares concedidas em favor do Sindicato dos Hotéis, Bares e Restaurantes de Salvador (SHBRS) e do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado da Bahia (Sindicombustíveis) provocaram o aumento do consumo de bebidas alcoólicas à beira das estradas e devolveram o lucro aos estabelecimentos que margeiam as rodovias. Os dois dispositivos, expedidos às vésperas da Semana Santa, suspenderam a Medida Provisória (MP) 415/08, que desde 1º de fevereiro proíbe a venda desse tipo de produto nas BRs de todo o país. Para tentar conter o consumo indiscriminado, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) garante ter apertado o cerco aos condutores. Durante o feriadão, nove pessoas foram detidas por dirigir embriagadas nas rodovias federais da Bahia.

À exceção da Sexta-feira Santa, quando a maioria dos estabelecimentos permaneceu fechado, quinta-feira, sábado e domingo, as lanchonetes, churrascarias e restaurantes das rodovias voltaram a ser pontos de encontro de viajantes e recuperaram pelo menos parte dos prejuízos trazidos pela MP. A primeira liminar, expedida no último dia 14 pela 13ª Vara Federal, permitiu a comercialização de bebidas alcoólicas apenas nos estabelecimentos localizados até as proximidades de Simões Filho. Mas o documento judicial que serviu de efeito suspensivo da medida em boa parte dos postos às margens das BRs baianas foi impetrado pelo Sindicombustíveis.

Postos - A entidade conseguiu um mandado de segurança coletivo, tendo beneficiado 72 dos seus associados. Espalhados por 11 rodovias federais que cortam a Bahia, entre elas a BR-324 (com 15 postos), a 116 (14) e a 101 (21), os proprietários de estabelecimentos comemoraram a recuperação das vendas. “Quinta e sábado o movimento cresceu muito. Hoje (ontem), o pessoal também está chegando. Daqui a pouco, a casa está cheia”, animava-se o gerente da Churrascaria Ponto Alto, instalada nos primeiros quilômetros da BR-324, onde a venda de bebidas alcoólicas representa 50% do faturamento. “Já colocamos dois funcionários para fora. Espero que essa liminar continue valendo senão vamos terminar quebrando”, disparou.

Na volta para Salvador, muita gente aproveitou para dar os últimos goles do feriado à beira das estradas. Na Churrascaria A Gaúcha, já autuada duas vezes pela PRF, o proprietário teve que modificar o aviso pregado numa das geladeiras de resfriamento de bebidas. O “não” foi literalmente riscado do cartaz em que antes estava impresso: “Não vendemos bebidas alcoólicas”. Ainda assim, o gerente do estabelecimento, Jaci Neto, está receoso de investir no estoque de alcoólicos. “O problema é derrubarem essas liminares. Comprei algumas latinhas e a saída tem sido boa”, confirma, de olho na recuperação dos 60% de prejuízos angariados nos tempos de proibição.

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Condutores são notificados

Nas regiões em que se liberou a venda de bebidas alcoólicas, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) intensificou a fiscalização aos motoristas durante a Operação Semana Santa. Impedida de autuar boa parte dos bares e restaurantes, a PRF diz ter agido com mais rigor no feriado, o que culminou na prisão de nove pessoas. Outros 21 motoristas foram notificados por dirigir sob influência de álcool. Vinte e seis etilômetros (medidores do nível alcoólico) foram utilizados na ope-ração. “Para compensar as liminares, nos esforçamos para ampliar a fiscalização”, atestou a coordenadora do núcleo de comunicação da PRF na Bahia, Emmanuelle Schwartz.

Somente na sexta-feira, quatro condutores terminaram detidos. No sábado, outros cinco motoristas foram presos por embriaguez. Num dos casos mais patentes de desrespeito à vida nas estradas, Djalma Novaes da Silva, 31 anos, foi preso no km-672 da BR-116, em Jequié, numa blitz da Polícia Rodoviária Federal. Djalma conduzia a motocicleta de placa JLC-3852-BA, sem carteira de habilitação e sem capacete, e transportava na garupa uma adolescente de 15 anos, também sem capacete. Realizado o teste com o etilômetro, foi constatado que estava sob efeito de álcool, apresentando 1,063mg do produto por litro de ar expelido dos pulmões (o máximo permitido é 0,3mg/l).

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